Ele entrou por essa porta um dia. Mudo, frio, e com mistérios que até hoje não me atrevo a revelar. Não me lembro da sua primeira palavra, nem da última, mas lembro de cada um dos seus mil olhares lançados. Não era intenso, nem frígido. Seus olhos me diziam coisas que nunca tinha visto antes na vida. Hoje procuro histórias, canções, poesia e ele, me parece vazio agora. Minha angústia, que antes me acompanhava enquanto o via desfilar por aí com outros corpos diferentes do meu, não me acompanha mais. O vejo leve, simples, e ainda belo. A tensão some, o coração permanece nos 90 por minuto e, desaparece a minha satisfação de me sentir completamente presa a aquele corpo. A mesa que ficava dentro daquela sala com janelas e portas fechadas, me trazem seu cheiro. Respirei fundo e prendi em mim seu cheiro que estava no ar. O cheiro foi guardado por mim, aqui, à sete chaves, por trás dessa porta que insiste em bater.
Caroline Stambowsk - 2008
Muito legal...gostei
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