terça-feira, 18 de setembro de 2012

Eu nem te amo - Tati Bernardi

"É estranho como sinto saudades quando você vai buscar água. Aqueles segundos que separam o resto das suas canelas se perdendo no corredor com o pulo que você dá na cama (...) Remédios só me deixam com um bocejo químico e a boca do estômago triste, mas não tiram você do meu coração. E escrever, que sempre foi a única coisa que adiantava para os dias passarem menos absurdos, já se tornou algo ridículo. Escrever sobre você de novo? De novo? Tenho até vergonha. Nem eu suporto mais gostar de você. E olha que nem gosto. (...)  E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima afinal de contas tenho uma vida incrível e nem amava mesmo você, eu me lembro de umas coisas de mil anos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece em nada com pouco amor e não se parece em nada com algo prestes a acabar (...) Lembro da sua jaqueta com um sol nas costas e do seu cabelo espetado igual ao sol, do cheiro que você tem bem no centro da nuca, do gosto amargo de menino que tem pressa de tomar banho que você tem bem no fundo da orelha. Lembro de você olhando a bunda da minha amiga e logo depois me dando um abraço forte e dizendo “cadê mesmo aquela revista que tem um texto lindo seu?”. E lembro da primeira vez que eu te vi e te achei meio feio, vesgo, estranho. Até que você me suspendeu no ar por razão nenhuma eu tive certeza que meu filho nasceria um pouco feio, vesgo e estranho.
E então, no meio da noite, enquanto eu penso tudo isso, eu pergunto ao mundo todo que não agüenta mais esse assunto. Ao mar, às criancinhas peladas, aos cartazes de filmes, ao passarinho, à vizinha, aos cachorrinhos em meditação, à torta, aos carros, à qualquer um...eu pergunto: por que é que vocês todos estão tão cinza? Por que é que vocês não me ajudam? Por que é que todos vocês também ficam tão tristes quando ele vai embora? Por que é que todos vocês também morrem quando ele vai embora? Por que é que todos vocês também amam ele?"

sábado, 18 de agosto de 2012

Desejos de cais.

Acho uma honra e uma loucura falar de você em tão pouco tempo.
É assustadora a forma como você veio milimetricamente projetado para o meu agrado. Você, tem gosto de poesia...
E até quando eu escrevo sobre você, fico atrapalhada... Pois você está ao meu lado, me lembrando a todo tempo sobre o quanto aquelas palavras - esse texto - são inúteis, diante de tanta poesia que existe nos seus olhos. Tem coisas que ultrapassam o sentido da palavra.
Eu não sei até quando minha cabeça te reprisará a todo momento... A todo momento em que estou sozinha, acompanhada pelo seu desenho em qualquer silhueta perdida no meu caminho. Em todas as vezes que eu te esperei, e não era você quem chegava.
É o seu olhar que eu vejo entre os ponteiros...
E a minha tristeza se dá ao fato de você vir, e não ficar. De eu querer te dizer de todas as formas que eu te quero aqui durante uma eternidade.
Não me debruço na possibilidade do "Para sempre" - aquela revistinha de mentiras, vendidas nas lojas de R$1,99 - e sim, na ideia de te ter por alguns dias... Dias esses, que preenchem três vidas inteiras...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Há tempo.

No escuro, desse quarto,
os ponteiros percorrem friamente pelos minutos,
e a agonia de te alcançar, percorre quente pelo meu corpo.

No escuro, dessa noite,
o tempo fecha, e seus clarões abrem um caminho até você.
O tempo fechado,é a hora.
E a agonia de te alcançar, percorre quente pelo meu corpo.

E quando cai a chuva, corro pra te ver.
Enfrento o vazio, o frio, o trovão.
E a agonia de te alcançar, percorre quente pelo meu corpo.

Me espera ... É a minha súplica.

Entre o cinza, nesse abraço.
Dentro dos tons, vértebras e cansaço.
No tempo, contratempo e no desalento.
A agonia de te alcançar, derrete quente pelo nosso corpo.
Você vai ser minha...
Com todo amor!

Caroline Stambowsk e Vinicius Andrade.

Dentro de mim

Seus beijos, seus sorrisos, suas alegrias... 
Todos com seu gosto, me trazem a vida, em cada letra pontilhada.
Vou escrever uma história... uma Estória de amor!
Sem tristeza, sem saudade... Sem esses sentimentos contraditórios, que vão e vem...
Você vem, e fica! ...
Dentro de mim.

Caroline Stambowsk e Vinicius Andrade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Todos os dias é um vai-e-vem...

"Não sou tão inconstante assim, não mesmo. Mas é um absurdo a forma como a roda da minha vida gira... ela gira com muita vontade. Tanta coisa acontece, e eu nunca reparei nisso como tô reparando essa semana.
Que graça teria a vida se não houvesse transformações? E que bom seria também se elas não existissem. Lamentável como tudo que parece nos fazer bem, são as primeiras coisas que vão embora. Eu sei, eu sei que no futuro veremos como isso foi bom ou até daremos 'graças a Deus' por ter passado aquela fase conturbada, mas não é péssimo se desprender das coisas assim? É! - e digo isso sem a menor preocupação.
As coisas e as pessoas deveriam ser como objetos, daqueles bem queridos, que você tivesse o poder de deixar ou não alguém encostar, tocar, brincar, puxar a cordinha e faze-lo cantar. Mas bem, não é assim. Seu brinquedo real cai no chão, se machuca, é tocado por outras pessoas, não é sua propriedade e muito menos cabe na sua gaveta. O que faz nessas horas? Chora? Conta tudo pra sua mãe? Pede a Fada dos dentes seu 'objeto' em troca de um dente seu? Não! Espera... SÓ isso. Daí, o destino vai se encarregar de tudo isso. Você vai chorar, sofrer, esperniar, bater cabeça, entrar em depressão, pensar em morte... mas aí, esse mesmo cara chamado destino colocará na sua frente toda aquela sorte e aquela VIDA que estava guardada, justamente pra você tirar proveito de tudo que você viveu. E então, você até vai agradecer por ter passado tudo aquilo, por não ter tido seu 'brinquedo', por ele estar em outras mãos hoje, e vai ver até que nem era o que você queria mesmo. Mas até que essa parte chegue, ai ai ..."

(Escrito em 2008)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Por falar em saudade ...

Quando entrei nesse colégio, que fez todo mundo se perguntar “Mas é nessa bosta que vou estudar?”, nunca imaginei que esse lugar escondido de tudo, me fizesse ver o mundo de uma forma tão ampla, e bonita até.
No primeiro ano que estudei aqui, levei uma bomba gigantesca. Reprovei em matérias ridículas de tão fáceis, com exceção da física, que nunca mais pretendo encontrar na minha vida, nem se o Pierre vier com uma fórmula dentro de um buquê de flores. E eu não sabia que todo esse sofrimento de ter sido reprovada pela primeira vez na vida, depois de uma vida escolar nerd, me trouxesse aqui, pra essa turma tão mongolóide.  Eu não queria acreditar que eu tinha me separado de grandes amigas , que eu tinha perdido mais um ano, além dos quatro já impostos pelo curso, que eu ia ficar forever alone numa classe de siris, enquanto eu já devia ter passado por esta etapa... E eu nunca imaginaria que eu seria tão feliz nessa turma de lindos imbecis.
Falei com algumas pessoas, e logo o destino me pôs num triângulo, que mudaria e melhoraria minha vida. Um triangulo com cinco meninas, que me fizeram ficar perdidamente apaixonada por cada uma delas, mesmo possuído grandes defeitos... E foram eles, que me levaram até as qualidades, que se sobressaem no meio de todos eles. Foram muitas histórias, que metade de vocês nem sabem, e nem nunca vão saber. Foram histórias que mesmo abandonadas as vezes em meio a pequenas turbulências, foi escrita com uma caneta especial, por um destino meio atrapalhado...
Essas meninas, me trouxeram histórias novas, uma vida nova, e companhia pra eu seguir o curso bem disposta.
E o resto da turma?
O resto da turma vivia em pé de guerra. Sem exageros, a terceira guerra mundial, fomos nós quem fizemos.. E com louvor! Tinha muito grito, por que tinha muito silêncio... Ninguém se entendia. Eu não queria saber de amizade com ninguém dessa turma chata, com gente chata, de piadas chatas... Até que um dia chegou uma salvação divina – ou não: Denise Frias. E como programas de auto ajuda como aqueles feitos para ex alcoólatras, ex viciados em drogas, ela nos pos numa reabilitação sentimental.  Fez com que a gente se olhasse, se tolerasse, e risse muito JUNTOS, pela primeira vez em dois anos... Fizemos uma pessoa sair de classe, só por que ela apresentou uma dinâmica nada didática, que fez a turma morrer de raiva.
Depois disso, chegamos aqui.
Aquelas pessoas que eu achava que eram chatas, irritantes, bagunceiras, histéricas, continuam sendo isso tudo, mas agora consigo olhar um pouco mais fundo para cada uma delas, e vejo que são pessoas que gosto bastante, independente de qualquer coisa.
E os professores? Não seria necessário citar nenhum deles, se isso não fosse realmente muito engraçado. Acho que nenhuma turma nesse mundo tem uma história com professores tão engraçada como as da nossa turma. Até pq somos os únicos a ter a tia mais rica do mundo, que vem de ônibus, apesar de ter um carro zero e aviões em museu e no seu escritório. Que tem um plano educacional que será apresentado a Dilma pessoalmente, mas que perde um plano de aula dos alunos com uma grande facilidade. Temos aquela tia única, que bebe com os alunos, fala besteira reunida com a galera do fundão, e não põe um F no seu caderno de presença, nos fazendo ficar irresistivelmente em suas aulas. Tem aquele tio que tem um funk inspirado no seu lado feminino aguçado e que é perseguido quando entra em qualquer banheiro dentro dessa respeitosa instituição.  Tem também o tio garanhão, que faz a matéria ser secundária diante de tanto comentário maldoso sobre ele, e que ainda atura piadinha de aluna abusada... Tem a tia que tem um nariz super em pé, mas que de um jeito inexplicável tem o nosso carinho independente de qualquer grosseria. Tem tia que passa matéria atéo último dia de aula e  que nos causou alguns calos. Tem a tia que conseguiu ficar um bimestre inteiro sem dar uma aula, e chegou no outro bimestre mandando em todo mundo, como se nada tivesse acontecido. Tem a tia que te ensina que “Exu era um menino maneiro”, e que qualquer assunto, seja lá qual for em algum momento terminará ou num centro religioso, ou na Alemanha Nazista... Também tem a tia que fez até a novela das oito... Olha que fama!
E as histórias?  Quem se lembra do celular da Pamela que foi roubado, dos casos policiais envolvendo a turma, dos apelidos colocados em toda a direção escolar, das mil tangerinas roubadas, dos trezentos pacotes de biscoitos entocados, dos colegas de classe que mantêm a linha de segunda a sexta bebendo vick mix, mas nos finais de semana perdem a linha na van com bebidas alcoólicas. Das inúmeras vezes que matamos o último tempo, das milhões de vezes que deixamos algum professor sozinho em sala de aula, por que houve uma burlação generalizada de aulas. Do carro da Dona Júlia que quase engravidou, de todos os trabalhos feitos aos 45 do segundo tempo, de todas as cantadas que ridículas que lançamos aos meninos da turma, e de todas as vezes que tivemos vergonha e orgulho de sermos amigos.
Me dá um aperto no coração só de pensar na lista de coisas que vou perder. Se vocês olharem pra essa sala vazia, silenciosa, com bastante atenção, vocês vão se assustar de tanta história que tem aqui. De tanta merda, briga, discussão, risada, alegria que está impregnada em cada parede suja dessa sala. E mesmo depois de anos, se a gente tiver o prazer de voltar ao José Accioli, a gente vai sentar nessa carteira tão cheia de nossos chicletes, e ouvir as risadas de cada um, por que esses anos foram tão eternos, quanto o nosso sono no terceiro tempo de segunda feira.

Depois de tanta enrolação, acho que o que eu queria falar mesmo, é que gosto muito de vocês, por isso tudo... Até, por que, em nenhuma outra formação eu vou encontrar um pessoal tão estranho, tão diferente, e que se encaixa de uma forma tão bacana.
Queria pedir a cada um de vocês, pra que se cuidem bem, sejam bonzinhos na vida, não usem drogas, parem de beber e fazer algumas babaquices, pq agora vocês são adultos.
Gostaria de pedir também, que já que consegui com mto custo entrar no coração de mts de vocês, me deixem ficar nele por mais algum tempo... pelo menos até vocês darem boas gargalhadas quando lembrarem de tudo que passamos juntos. E não tem problema se isso tudo não tirar nenhum sorrisinho de vocês.. O importante é que esses quatro anos foram maravilhosos, e valeram por uma eternidade inteira.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Me lembra você a toda hora ...

Ele entrou por essa porta um dia. Mudo, frio, e com mistérios que até hoje não me atrevo a revelar. Não me lembro da sua primeira palavra, nem da última, mas lembro de cada um dos seus mil olhares lançados. Não era intenso, nem frígido. Seus olhos me diziam coisas que nunca tinha visto antes na vida. Hoje procuro histórias, canções, poesia e ele, me parece vazio agora. Minha angústia, que antes me acompanhava enquanto o via desfilar por aí com outros corpos diferentes do meu, não me acompanha mais. O vejo leve, simples, e ainda belo. A tensão some, o coração permanece nos 90 por minuto e, desaparece a minha satisfação de me sentir completamente presa a aquele corpo. A mesa que ficava dentro daquela sala com janelas e portas fechadas, me trazem seu cheiro. Respirei fundo e prendi em mim seu cheiro que estava no ar. O cheiro foi guardado por mim, aqui, à sete chaves, por trás dessa porta que insiste em bater.
Caroline Stambowsk - 2008